Em Anne with an E, acompanhamos a história de uma menina órfã que, ao longo da vida, foi marcada por rejeições, humilhações e solidão. Apesar das adversidades, Anne não perdeu a capacidade de imaginar, criar e se encantar com as pequenas belezas do mundo. No entanto, durante a história de Anne, também entendemos como as marcas da infância podem transformar as nossas lentes através das quais enxergamos a nós mesmos e ao nosso valor.
A psicologia mostra que nossa identidade é construída em grande parte pelas experiências que vivemos na infância. Palavras ditas por adultos, olhares de aprovação ou rejeição, comparações entre irmãos e até pequenos gestos de descuido podem se acumular como tijolos invisíveis, moldando a forma como passamos a nos perceber. Muitas vezes, esses tijolos se transformam em muros que nos separam da autoaceitação e que fazem sombra diretamente em nossa autoestima.
Anne, com sua sensibilidade intensa, carrega as dores da exclusão. Ao mesmo tempo, sua criatividade e imaginação funcionam como estratégias de enfrentamento: ela foge para um lugar que pertence somente a ela e reinventa a própria história para suportar a dor de não se sentir amada. Aqui, vemos como a mente humana tem a capacidade de criar recursos para proteger-se, mesmo quando o mundo parece hostil.
Porém, a imaginação por si só não é suficiente. É preciso confrontar as feridas. A autoaceitação não nasce do esquecimento do que vivemos, mas da coragem de ressignificar essas experiências. É olhar para o passado e reconhecer: “isso me machucou, mas não define quem eu sou”. A psicologia nos convida a integrar as partes dolorosas da nossa história, em vez de negá-las, porque é justamente essa integração que nos torna inteiros.
Anne nos ensina que ser aceito pelo outro é importante, mas aprender a se aceitar é essencial. Não se trata de ignorar as nossas vulnerabilidades, mas de abraçá-las como parte do que nos torna humanos. Cada cicatriz emocional pode se tornar não apenas lembrança de dor, mas também lembrança de superação.
Talvez você também carregue palavras antigas que ainda ecoam. Talvez haja feridas que parecem te definir. Mas lembre-se: a sua história não precisa ser prisão. Assim como Anne, você pode escolher escrever novos capítulos, nos quais a autoaceitação não seja apenas um sonho distante, mas um caminho real de libertação e autenticidade. 🌿
Com carinho da sua psi, Tay 🌻
